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Ergonomia na facoemulsificação

Já sentiu dores no corpo após uma cirurgia mais complexa ou demorada? Isso pode ser o início de sintomas de desordens músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho. Esse grupo de doenças pode ser definido como o dano a tecidos moles decorrentes da exposição súbita ou prolongada a esforços repetitivos ou posturas inadequadas.

Especialistas em ergonomia assinalam risco ainda maior quando as atividades são realizadas sob condições estressantes, alta demanda cognitiva, longas jornadas de trabalho ou quando se necessita de controle motor fino com foco visual para perto, já que essas circunstâncias aumentam a tensão na musculatura da cabeça, pescoço e extremidades superiores. Parece familiar?

Médicos, em especial cirurgiões e intervencionistas, estão entre os grupos de maior exposição a fatores de risco. Em metanálise recente, foi encontrada prevalência nesse grupo de até 60% de dores cervicais, 49% de dores lombares, 17% de degeneração da coluna cervical e 19% de degeneração da coluna lombar. Entre os oftalmologistas, em pesquisa conduzida pela Academia Americana de Oftalmologia, até 32,6% relatam dores cervicais e 39% dores lombares, sendo que 15% afirmam apresentarem limitações no trabalho por conta disso.

Reino Unido e Índia reportam taxas semelhantes em torno de 32% para dores cervicais e maior prevalência, por volta de 52%, para dores lombares. Os estudos são unânimes em sinalizar que, além do sofrimento gerado para o oftalmologista, ocorre perda de produtividade com consequente prejuízo sócio-econômico. Dessa forma, é essencial buscar incorporar boas práticas de ergonomia em nossa rotina e aprimorar o ambiente de trabalho para atender tais condições.

JOVENS SÃO O GRUPO MAIS EXPOSTO

Outro aspecto levantado é o papel central do jovem profissional neste tema: é o subgrupo mais exposto – em geral por tolerar maiores jornadas, piores condições de trabalho, ter menor familiaridade com os equipamentos utilizados e ignorarem os riscos.

Por isso, é fundamental introduzir o treinamento em ergonomia já durante a especialização, com atenção sobretudo ao treinamento cirúrgico. O correto posicionamento do microscópio, maca, cadeira e pedal auxilia o bom andamento do procedimento, pois elimina um dos fatores de desconforto (que pode se traduzir em maior dificuldade para realizar manobras necessárias no ato operatório) e diminui as consequências nocivas da má postura em longo prazo.

O aprendizado em ergonomia deve, assim como outras áreas do nosso conhecimento, ser uma preocupação constante. No entanto, nem sempre conseguiremos cumprir o ideal – pacientes obesos, restrição de mobilidade e cifose acentuada são exemplos de situações especiais nas quais teremos que nos adaptar com os recursos disponíveis. Num futuro não muito distante, poderemos desfrutar de novas tecnologias que providenciem melhores condições de trabalho, como já acontece com os sistemas de visualização 3D e na cirurgia robótica, ainda em fase de desenvolvimento. Enquanto esses recursos não chegam, confira algumas dicas para melhorar a ergonomia no centro cirúrgico!

Confira todas as imagens deste artigo na edição 179 na Área do Associado ABCCR ou Associado Digital.