O transplante endotelial da membrana de Descemet (Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty – DMEK) é uma técnica inovadora e revolucionária para tratamento de patologias do endotélio corneano, como a distrofia endotelial de Fuchs e a ceratoplastia bolhosa. Inicialmente desenvolvida por Melles et al., em 2006, o DMEK tem se tornado uma técnica de escolha entre os especialistas em córnea, tendo em vista os resultados anatômicos e funcionais próximos a de uma córnea normal, que a tornam superior ao transplante automatizado endotelial (Desce- met Stripping Automated Endothelial Kerato- plasty – DSAEK) e ao transplante penetrante. Assim, desde 2011, o número de transplantes de córnea endoteliais realizados nos EUA tem
ultrapassado o número de transplantes de córnea penetrantes.
Porém, existem casos complexos que dificultam a execução do DMEK, mesmo por cirurgiões experientes. Então, abre-se uma extensa lista de casos, antes candidatos somente ao transplante penetrante, em que o DSAEK se torna a técnica de escolha em busca de bons resultados anatômicos e funcionais.
O DSAEK tem se demonstrado extremamente superior ao transplante penetrante não só pela reabilitação anatômica e preservação da superfície ocular, mas também pela menor perda de células endoteliais ao longo dos anos e menores índices de rejeição, levando a uma maior sobrevida do enxerto.
Em casos de afacia com ou sem aniridia, defeitos irianos, a realização do DMEK pode ser extremamente desafiadora em virtude da complexa abertura do enxerto e o risco eminente de queda para cavidade vítrea. A instabilidade da câmara anterior em pacientes vitrectomizados dificulta muito a abertura do DMEK, traumatizando o endotélio, aumentando exponencialmente a chance de falência primária.
Nestes casos, o enxerto de um DSAEK garante uma abertura mais eficiente e menos traumática devido ao suporte de uma fina camada de estroma junto à Descemet e endotélio, reduzindo o risco de luxação para cavidade posterior. Além disso, devido à menor necessidade de pressurização da câmara anterior ao final da cirurgia, comparada ao DMEK, essa técnica permite melhor fixação da lamela doadora, com menores índices de descolamento do enxerto e re-bubble.
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Autores
HENRIQUE POSSEBOM
Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 2013. Residência médica em Oftalmologia no Banco de Olhos de Sorocaba e fellowship em Córnea, Catarata e Cirurgia Refrativa com término em 2019. Atualmente é coordenador do Pronto-Socorro do Hospital Oftalmológico de Sorocaba e preceptor do setor de Córnea e Catarata.
VICTOR ANTUNES
Diretor do Instituto de Oftalmologia de Assis (IOA). Residência médica no Instituto de Oftalmologia Tadeu Cvintal. Fellowship no Wills Eye Hospital – Filadélfia, EUA. Assistente voluntário do setor de Óptica Cirúrgica – EPM, Unifesp. Editor de Córnea da revista Oftalmologia em Foco.