A comunidade oftalmológica no Brasil vive uma época de intensas transformações e grande evolução em relação à de catarata. O procedimento é atualmente planejado com caráter refrativo, com ênfase no perfil do paciente, suas necessidades e atividades, conjugado a sofisticados exames complementares. Esse planejamento, junto a novas opções de lentes intraoculares (LIOs), permite que a especialidade possa proporcionar resultados extremamente satisfatórios para as demandas da vida moderna. Trago aqui uma perspectiva informal sobre algumas recentes opções disponíveis e próximos lançamentos.
Os dados demográficos de adoção regular de LIOs avançadas (bifocais, trifocais, EDOFs e tóricas) por parte dos cirurgiões no Brasil não são consolidados, no entanto, a maior parte da indústria trabalha com um número em torno de 10% de cirurgiões de catarata adeptos dessas LIOs em suas rotinas. Isso demonstra o grau de dificuldade que envolve sua adoção, seja no conhecimento técnico como no maior custo envolvido. A cirurgia de catarata planejada com esse viés refrativo não envolve o procedimento de extração do cristalino transparente (Refractive Lens Exchange) no Brasil, pois tal procedimento ainda não é autorizado.
De modo geral, para intuito somente deste artigo, podemos raciocinar nas LIOs de tecnologia avançada (também chamadas de LIOs premium) sob o aspecto de desenho óptico ou sob aspecto do seu resultado visual. Em relação ao desenho óptico, além das lentes tóricas, podemos ter lentes com base refrativa, difrativa e, mais recentemente, baseadas em modulação da frente de onda (wavefront shaping). E em relação ao resultado visual, temos as lentes bifocais, trifocais e EDOFs.
Lentes intraoculares bifocais de base refrativa eram representadas principalmente pela AMO Rezoom e Rayner MFLex, porém, tiveram sua popularidade diminuída por conta das plataformas difrativas.
No entanto, a base refrativa tem sido utilizada para modulação da aberração esférica na região central da lente, proporcionando aumento da profundidade de foco. No Brasil, já tivemos a presença da Crystalens HD (Bausch & Lomb) há alguns anos, que, apesar da propalada função acomodativa da plataforma de silicone, tinha, na realidade, um resultado similar às atuais EDOFs, graças a uma elevação de 3 micra na área de 1.5 mm de diâmetro central da LIO, que proporcionava a desejada aberração esférica para visão intermediária.
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Autor
MILTON YOGI
Chefe do Setor de Catarata do IPEPO/Instituto da Visão e Benvista Oftalmologia. Coordenador do Grupo de Estudos de Óptica Cirúrgica MY/Learning. Foi Chefe do Setor de Catarata da Unifesp/EPM entre 2011 e 2015.
Editora da seção e editora-chefe da Oftalmologia em Foco
BRUNA VENTURA
Mestrado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Coordenadora do Curso de Especialização em Oftalmologia da Fundação Altino Ventura (FAV). Coordenadora do Departamento de Catarata da FAV.