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CIRURGIA DE CATARATA x DMRI, POR LEANDRO ZACHARIAS

Os avanços tecnológicos em saúde e a disseminação da informação das últimas décadas causaram no Brasil e em várias regiões do mundo diversas mudanças demográficas marcantes, que culminaram com o aumento da expectativa de vida da população. Estima-se que a população mundial com idade acima de 60 anos salte de 841 milhões em 2013 para mais de dois bilhões em 2050.

Esse aumento da longevidade está diretamente relacionado a uma maior prevalência de certas condições oculares, como a catarata senil e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Metanálises globais indicam que a DMRI atinge mais de 17% da população acima dos 70 anos, e estima-se que haverá aproximadamente 300 milhões de pessoas afetadas até 2040. Esse dado se torna mais relevante à medida que a DMRI já é considerada a principal causa de cegueira na população idosa de países desenvolvidos.

Vivenciamos uma pressão crescente por resultados visuais e refracionais relacionados à cirurgia de catarata, incluindo até a resolução da presbiopia para as atividades diárias. Neste cenário de coexistência das duas condições (catarata e DMRI), como alinhar as expectativas crescentes em pacientes a serem submetidos à cirurgia de catarata com o potencial de desenvolver DMRI? Para responder a esta questão, preparamos quatro tópicos-chaves no que tange ao manejo de pacientes relacionando catarata e DMRI, com destaque para a escolha da lente intraocular e suas repercussões.

A. Diagnóstico apropriado

Em nossa prática diária, é comum ouvirmos de pacientes que seu quadro de degeneração macular se agravou após a cirurgia de catarata. Até mesmo no meio acadêmico, há quem defenda mecanismos teóricos que explicariam a suposta associação entre a cirurgia de catarata e a progressão da DMRI, como a toxicidade relacionada à luz azul e a liberação de citocinas inflamatórias. No entanto, estudos de metanálise baseados em evidência não apontam para esta relação.

Com efeito, o que ocorre em muitos casos é o subdiagnóstico da DMRI, que pode ser dificultado pela própria catarata. A fim de minimizar este problema, o cirurgião de catarata deve estar alerta para sinais e sintomas que podem estar relacionados à DMRI, como escotomas, metamorfopsia, baixa visual inconsistente com o grau da catarata ou sintomas de perda visual aguda, pois podem indicar um comprometimento macular. Sempre deve-se procurar avaliar o potencial visual e correlacionar com o grau de catarata. A propedêutica oftalmológica, consistindo em biomicroscopia de fundo, deve ser complementada com tela de Amsler e a tomografia de coerência óptica em casos suspeitos.

Obviamente, caso a DMRI exsudativa seja diagnosticada, deve-se avaliar a necessidade de tratamento e iniciá- lo prontamente.

Alguns biômetros, como o IOL Master 700 (Carl Zeiss Meditec AG), combinam a tecnologia de biometria óptica e OCT swept source, sendo capaz de gerar uma imagem com pouca resolução da região foveal. Essa imagem é utilizada para avaliar a fixação do olhar durante a realização do exame, não tendo fins diagnósticos. Entretanto, sua análise pode levar à suspeita de certas alterações maculares. Assim, recomendamos sempre revisar a imagem da biometria e partir para uma investigação mais aprofundada, se necessário.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra

Autores

LEANDRO CABRAL ZACHARIAS
Médico assistente e professor da pós-graduação do serviço de Oftalmologia do HCFMUSP.

 



LÍVIA DA SILVA CONCI
Fellow de retina e vítreo do HCFMUSP.

 


Editor da seção


RICHARD YUDI HIDA
Grupo de estudo em superfície ocular – Universidade de São Paulo (USP). Óptica cirúrgica – Departamento de Oftalmologia – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Presidente da Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia Oftálmica (BLOSS), gestão 2020.


Coeditor


DAVI CHEN WU
Médico assistente do setor de Retina e Vítreo da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.