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O futuro das lentes intraoculares, por Liliana Werner


Liliana Werner
Professora de Oftalmologia e Ciências Visuais.
Codiretora, Intermountain Ocular Research Center.
John A. Moran Eye Center.


Introdução

Tenho tido o privilégio de trabalhar com lentes intraoculares (LIOs) desde 1999, quando iniciei meu fellowship no laboratório do Dr. David Apple, após um doutorado em Biomateriais na França. O avanço na tecnologia de fabricação destes implantes tem sido impressionante, permitindo a sua utilização com uma eficiência crescente, não só para restaurar o poder refrativo do olho após a cirurgia de catarata, mas também para proporcionar benefícios adicionais aos pacientes.

Tendências Atuais

Algumas tendências atuais em LIOs (Figura 1)1 incluem a disponibilidade cada vez maior de sistemas de injeção descartáveis pré-carregados, com suas vantagens potenciais como diminuição no tempo de preparo e injeção, e um procedimento mais consistente e mais seguro, eliminando-se qualquer contato com a lente antes do implante. Lentes fabricadas em peça única, assim como lentes acrílicas hidrofóbicas continuam a ser as mais utilizadas em vários países. Nos últimos anos, temos também assistido ao crescente desenvolvimento e disponibilidade de lentes acrílicas hidrofóbicas com teor de água superior ao padrão de menos de 0,5%. Essas lentes ainda satisfazem os critérios para essa classe de materiais, exibindo características hidrofóbicas, mas são consideradas “glistenings-free”.2

As LIOs asféricas, geralmente concebidas para neutralizar a aberração esférica positiva no olho, continuam a ser uma tendência na fabricação de LIOs, embora a asfericidade seja abordada de maneira diferente, dependendo do fabricante. Outras tendências contínuas incluem a incorporação de um filtro para luz azul no material da LIO, além da proteção padrão contra a luz ultravioleta (UV), e a fabricação de LIOs para inserção através de pequenas incisões, geralmente de 1,8 a 2,2 mm.

O interesse no desenvolvimento de LIOs que corrigem a presbiopia é contínuo e crescente, com abordagens diferentes. Novas LIOs multifocais, particularmente as trifocais, são continuamente introduzidas no mercado, incluindo lentes com correção tórica concomitante. Outra tendência nesta área é o conceito de LIOs propiciando uma extensão da profundidade focal, ao contrário das LIOs multifocais tradicionais, que geram dois ou mais pontos focais separados para distâncias de visualização definidas.3 Essas lentes têm potencialmente um impacto negativo menor na qualidade de visão do que as lentes multifocais tradicionais. Diferentes desenhos aumentam a profundidade de foco através de mecanismos diferentes, incluindo o uso de tecnologia acromática, zonas com diferentes perfis asféricos e efeito pinhole. A busca de uma LIO verdadeiramente acomodativa também continua, e projetos baseados em mudanças na forma da superfície da lente durante esforços acomodativos, incluindo lentes modulares (com componentes implantados separadamente) e não modulares preenchidas com óleo de silicone, estão sendo avaliados em estudos clínicos.4

LIOs suplementares (piggyback), especificamente concebidas para serem fixadas no sulco ciliar no olho pseudofácico, permitem hoje em dia muito mais do que corrigir erros refrativos residuais. Alguns modelos também proporcionam multifocalidade, correção tórica, efeito pinhole e magnificação para pacientes com degeneração macular relacionada à idade.

Lentes tóricas para a correção de astigmatismo estão disponíveis há muitos anos, mas o princípio do pinhole foi mais recentemente incorporado a LIOs para o manejo do astigmatismo irregular.5 LIOs de pequena abertura (pinhole), desenhadas como lentes suplementares para fixação no sulco ciliar em pacientes já pseudofácicos ou para implante primário no saco capsular, estão agora disponíveis. O efeito pinhole também pode proporcionar uma maior profundidade de foco, como mencionado anteriormente.

LIOs telescópicas implantáveis, que são relativamente volumosas, estão disponíveis para pacientes com degeneração macular em estágio final há algum tempo, mas lentes dobráveis com desenhos mais padronizados foram desenvolvidas mais recentemente. Existem lentes com uma área óptica que proporciona um alto poder de adição, desenvolvidas para implante primário no saco capsular, bem como lentes suplementares para fixação no sulco ciliar em pacientes que já são pseudofácicos.

Figura 1 – Tendências atuais e direções futuras para lentes intraoculares