É sabido que o material da lente ICL difere do das outras lentes intraoculares, sejam fácicas ou pseudofácicas, que costumam ser de polimetilmetacrilato (PMMA), acrilato hidrofílico ou hidrofóbico, ou silicone1 associado à matriz polimérica, com ou sem cromóforos que conferem maleabilidade e bloqueio UV.
Embora a patente do material da ICL tenha expirado, nenhuma outra lente utiliza como material o “collamer”, e esse é a conjunção de colágeno porcino (matriz proteica sem presença de DNA ou células),2 com polímero que é a associação de pelo menos um monômero de acrílico não ionizado com pelo menos outro monômero ionizado de HEMA (hidroxietilmetacrilato).
O processo de fabricação da ICL ainda passa por um estágio de crosslinking da sua matriz sob radiação gamma, ionizando a superfície da lente e conferindo homogeneidade do material polimérico. Tal processo provê à lente biocompatibilidade, flexibilidade, resistência, homogeneidade do gradiente de índice de refração e estabilidade.2
HISTÓRIA DAS LENTES FÁCICAS
Em 1953, Benedetto Strampelli implantou pela primeira vez uma lente fácica em olho humano com o objetivo de tratar a miopia. Entretanto, como muitas outras lentes fácicas de câmara anterior que se seguiram, a lente de Strampelli mostrou complicações como perda endotelial, irite, dispersão pigmentar, atrofia iriana, ovalização da pupila e glaucoma. Muitas dessas complicações foram associadas ao material, design, tamanho e forma de fixação da lente, ocasionando assim o desaparecimento de muitos modelos propostos ao longo da história.3
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Autores
ELIANE MAYUMI NAKANO
Clínica NOVA. Ex-chefe do Setor de Cirurgia Refrativa da Unifesp, São Paulo
RENAN RODRIGUES
Especialista em catarata e cirurgia refrativa, Unifesp, São Paulo.
Editor da seção
DANIEL WASILEWSKI
Mestre e doutor em princípios da cirurgia. Ex-fellow do Doheny Eye Institute (University of Southern California). Médico do corpo clínico da Ocularis Oftalmo- logia Avançada, Curitiba, PR.