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CONSIDERAÇÕES REFRACIONAIS NO TRANSPLANTE ENDOTELIAL, POR HENRIQUE POSSEBOM

Os transplantes endoteliais representam um marco no desenvolvimento do transplante de córnea. Não só pela técnica cirúrgica, mas também pela recuperação visual mais rápida, maior estabilidade mecânica do tecido transplantado, menores índices de complicações intra e pós-operatórias e mínima influência sobre o equivalente esférico e astigmatismo cornenano.

Contudo, apesar do transplante endotelial ser considerado refracionalmente neutro quando comparado ao transplante penetrante, mudanças refracionais no pós-operatório ainda são frequentes. Os resultados refrativos mostram uma tendência à hipermetropia pelo aplanamento da curvatura corneana anterior, que acontece devido à regressão do edema e pela diminuição do raio de curvatura da face posterior da córnea, devido à adição de tecido. Segundo alguns autores, esse “shift” hipermetrópico pode chegar até +1.13 D com, aproximadamente, 62% dos pacientes apresentando +1.00 D e, também, aplanamento corneano de 0.46 D.

No DSEK/DSAEK, as alterações mais importantes estão relacionadas com o formato e espessura do enxerto após o corte e também a sua relação com a face posterior da córnea. De modo geral, o enxerto implantado altera o raio de curvatura da face posterior, tornando-a uma lente com poder divergente ainda maior após o transplante. Assim, nota-se uma redução no poder dióptrico total da córnea, sendo isso o fator responsável pela hipermetropia induzida. Quanto menor o raio de curvatura posterior, mais divergente será a imagem na mudança dos meios de refração córnea/aquoso.

Uma das formas de minimizar a redução da curvatura posterior do enxerto de DSAEK, buscando um enxerto ideal é a dissecção do excesso de estroma periférico 360° graus com lâmina crescente após a passagem do microcerátomo, antes da abertura da câmara anterior artificial.

Outros autores também acreditam que o fato das bordas do enxerto apresentarem ausência de Descemet facilitaria a hidratação e o influxo de líquido pela periferia do enxerto, diminuindo ainda mais o raio de curvatura posterior da córnea.

A velocidade de passagem do corte, a pressão no interior da câmara artificial, a espessura da lamela anterior e o grau de hidratação da córnea doadora interferem no formato e na espessura do enxerto. Quanto mais lenta for a velocidade de progressão da lâmina do microcerátomo e maior for a pressão interna na câmara artificial, mais profundo será o corte e mais fino será o enxerto do DSAEK. Assim, o poder dióptrico final seria o resultado da soma do enxerto e da córnea receptora, tornando este complexo uma lente mais espessa e com maior poder refracional.

 

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Autor

HENRIQUE POSSEBOM
Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 2013. Residência médica em Oftalmologia no Banco de Olhos de Sorocaba e fellowship em Córnea, Catarata e Cirurgia Refrativa com término em 2019. Atualmente é coordenador do Pronto-Socorro do Hospital Oftalmológico de Sorocaba e preceptor do setor de Córnea e Catarata.

Editor da seção 

VICTOR ANTUNES
Diretor do Instituto de Oftalmologia de Assis (IOA). Residência médica no Instituto de Oftalmologia Tadeu Cvintal. Fellowship no Wills Eye Hospital – Filadélfia, EUA. Assistente voluntário do setor de Óptica Cirúrgica – EPM, Unifesp. Editor de córnea da revista Oftalmologia em Foco.