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Processo cicatricial da córnea e cirurgia refrativa, por Lycia Pedral

Injúrias corneanas, sejam traumáticas, cirúrgicas ou infecciosas, desencadeiam um processo cicatricial na córnea que pode resultar em fibrose estromal com consequente déficit visual. O prejuízo de visão nesses casos ocorre tanto pela diminuição da transparência tecidual local (perda quantitativa), quanto pela diminuição de sensibilidade ao contraste, percepção de halos ou glare e geração de aberrações corneanas (perda qualitativa). Segundo a OMS, as opacidades corneanas correspondem à quarta principal causa de cegueira e baixa visão no mundo.

O processo cicatricial da córnea interfere na eficácia e segurança de procedimentos ceratorrefrativos, como a ceratectomia fotorrefrativa (PRK), e pode até resultar em hipo ou hipercorreção. Com o advento de novas plataformas de laser, alteração do diâmetro de tratamento da zona óptica e uso tópico da mitomicina 0,02% na ceratectomia fotorrefrativa, o haze corneano tem se tornado uma complicação infrequente. Mesmo sendo cada vez mais rara, sua prevalência é variável entre os estudos, podendo ser mais elevada em países tropicais com maior incidência solar. O conhecimento de seus principais fatores de risco, entre eles, altas ametropias ou ablações profundas, defeito epitelial persistente pós-operatório, cirurgias corneanas prévias, presença de irregularidade da superfície estromal pós-cirúrgica e pós-tratamento astigmático, auxilia no estabelecimento de uma prática clínica segura.

Tanto o uso da mitomicina quanto a presença dos fatores de risco relacionados ao haze interferem no processo cicatricial corneano pós-cirúrgico, culminando ou não no desenvolvimento do haze. Com o objetivo final na prevenção e tratamento da fibrose corneana, o complexo meca- nismo da cicatrização corneana é estudado há mais de 30 anos no Cole Eye Institute – Cleveland Clinic Foundation, por diversos pesquisadores de todo o mundo sob a coordenação do Dr. Steven Wilson.

O desenvolvimento do haze está relacionado com a diferenciação e persistência dos miofibroblastos, que são células contráteis que expressam uma proteína chamada actina do músculo liso tipo alfa. A formação destas células no local da injúria tem o objetivo de contrair e fechar a ferida, porém, por terem transparência reduzida pelos menores níveis intracelulares de cristalina (uma proteína que configura transparência celular), e por depositarem grande volume de matriz extracelular (MEC) desorganizada, os miofibroblastos acabam sendo fundamentais no processo de formação da fibrose corneana. Seus precursores são tanto os fibroblastos corneanos originados dos ceratócitos (células corneanas estromais) quanto os fibrócitos, que são derivados de precursores da medula óssea e que penetram na córnea através dos vasos sanguíneos limbares.

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LYCIA PEDRAL SAMPAIO

Research Fellow em Córnea e Cirurgia Refrativa no The Cole Eye Institute, Cleveland Clinic. Oftalmologista e especialista em córnea, catarata e cirurgia refrativa pelo Banco de Olhos de Sorocaba (BOS). PhD candidate, Universidade de São Paulo (USP).


STEVEN E. WILSON

Professor de Oftalmologia. Diretor de Pesquisa em Córnea (Corneal Research), The Cole Eye Institute, The Cleveland Clinic Foundation.


Editora da seção

LARISSA GOUVEA

Centro Amazonense de Oftalmologia, Manaus – AM. University of Toronto, Toronto – CA. Donald K Johnson Eye Institute, University of Toronto, Toronto – CA.