A ideia de que uma trabeculotomia poderia causar redução na pressão intraocular veio à tona na década de 1950, quando Morgan Grant levantou a hipótese de que 75% da resistência do humor aquoso era inerente à malha trabecular e que pode- ria ser reduzida criando uma abertura entre a câmara anterior e o canal de Schlemm.
A possibilidade de que uma trabeculotomia poderia eliminar potencialmente a resistência ao fluxo era muito atraente e gerou muito interesse dos cirurgiões em realizar a cirurgia em pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto. Mas sua abordagem teve várias desvantagens e limitações que fizeram com que a técnica acabasse perdendo em popularidade:
– Mesmo nas melhores mãos cirúrgicas, a técnica demorava de 30 a 60 minutos ou mais.
– A realização da trabeculotomia ab-externo requer uma grande dissecção conjuntival, confecção de retalho escleral e suturas. Os cirurgiões não queriam violar a conjuntiva superior e esclera, pois isso tornaria qualquer cirurgia subsequente menos provável de ser eficaz. Um dos pioneiros desse tipo de abordagem foi Redmond Smith, que publicou sua descrição inicial da técnica ab-externo de trabeculotomia usando um filamento de fio em 1969. Em geral, a queda da pressão não foi tão grande quanto a obtida em uma trabeculectomia ou implante de drenagem.
Vale a reflexão: muitos cirurgiões realizaram trabeculotomia ab-externo usando trabeculotomos de metal e abriram apenas as regiões nasal e temporal superior da malha trabecular. Estudos anatômicos revelaram que a maior parte do fluxo ocorre na região inferior nasal.
Em 2011, os oftalmologistas americanos Davinder Grover e Ronald Fellman desenvolveram a técnica minimamente invasiva denominada Gonioscopy Assisted Transluminal Trabeculotomy (GATT).
Leia a matéria na íntegra clicando aqui.
BRUNO TENO BRAGA
Departamento de Glaucoma e Catarata HORP (Hospital do Olho Rio Preto). Departamento de Glaucoma FAMERP/HB (Hospital de Base Rio Preto). Departamento de Glaucoma e Catarata, Hospital Estadual João Paulo II.