fbpx
Início » LIOs de alta tecnologia e RK, por Gilberto Shimoda
Artigos

LIOs de alta tecnologia e RK, por Gilberto Shimoda

Muitos pacientes foram submetidos à cirurgia de ceratotomia radial (RK) no passado, para correção principalmente da miopia, associada ou não a astigmatismo. A maioria desses pacientes, pelo perfil individual e vontade de ficar livre dos óculos, procura os oftalmologistas para mais uma cirurgia. Mas agora eles estão com idade acima de 50 anos, com catarata e são totalmente dependentes de óculos para longe e perto. Os casos mais comuns são de pacientes com hipermetropia leve até grau alto associada a todos os tipos de astigmatismo e alterações diversas na córnea. Em menor número, esses pacientes têm miopia leve, raramente têm alta miopia e são raríssimos os casos de emetropia para longe.

O que mais chama atenção nestes pacientes pós-RK, apesar dos resultados e da depen- dência total dos óculos para perto e longe, é a vontade de ficar independente dos óculos para tudo. Desde o lançamento das lentes tóricas no mercado, senti o desejo de explorar um desafio: pacientes com catarata, as- tigmatismo alto e ceratotomia radial.

Usei o que eu tinha de melhor na época: um biômetro de imersão, um ceratômetro, um topógrafo simples e marcadores grosseiros da incisão e do eixo da lente. Era mínimo o meu conhecimento das alterações ópticas, mas, mesmo assim, eram bons os resultados em astigmatismos altos e ceratocone.

Os primeiros casos foram estressantes. Ainda assim, já conseguimos resultados surpreendentes. Curioso, como sempre, e só objetivando a visão com pequeno grau residual, em alguns casos, olhos emétropes para longe e com grau de perto pequeno, e em outros casos conseguia leitura sem correção. Os resultados, portanto, foram melhorando e tornando-se cada vez mais animadores. No entanto, sempre estive preparado para um resultado indesejável.

A EXPERIÊNCIA COM A MULTIFOCAL

A grande dúvida que pairava no ar era a estabilidade do grau com o passar do tempo. Mas vários anos se passavam e os pacientes retornavam, e o que se observava era a estabilidade do grau, na maioria dos casos. Uma casuística de várias lentes multifocais com resultados gratificantes para longe e per- to e com uma experiência maior em olhos sem cirurgias ou com cirurgias refrativas por Excimer Laser me habilitava para tentar uma multifocal em pacientes submetidos a cirurgia de ceratotomia radial.

De início, era possível corrigir apenas pacientes com córneas sem astigmatismo,
quadro raro em córneas com incisões radiais. Um dia, apareceu uma paciente com hipermetropia pós-radial que desejava ficar sem óculos para longe e perto, e decidimos implantar a multifocal em um olho: uma ReSTOR.

Autor

GILBERTO SHIMODA
Oftalmologista pela Univer- sidade Estadual de São Paulo (Unesp). Sócio-fundador do CEMOA, Atibaia, SP