Em média, 3% da população mundial são pseudofácicos e 95% desses pacientes foram submetidos a lensectomia com implantes de lentes intraoculares monofocais. Consideran- do-se esse universo, 60% dos pacientes que evoluíram no pós-operatório com alguma ametropia residual (astigmática, esférica e presbiopia secundária) gostariam de um procedimento complementar, seguro e que amenizasse a dependência de óculos.
Uma das alternativas para mitigar ametropias pós-operatórias da faco foi o piggyback primário. Técnica descrita por Gayton e Sanders em 1993, onde implantava-se duas LIOs do mesmo material no saco capsular para corrigir ametropias residuais em alto hipermétropes que extrapolavam a grade de LIOs convencionais. Porém esse procedimento facilitava o desenvolvimento de opacificação interlenticular, o que levou à descontinuidade da técnica.
Hoje o piggyback ainda é utilizado com LIOs de 3 peças, porém, a segunda LIO é posicionada no sulco ciliar, evitando-se assim a opacificação interlenticular. Deve-se considerar também a eficiência da fotoceratotomia refrativa com Excimer Laser (PRK, LASIK) para correção de ametropias residuais pós-faco. No entanto, não se contempla a correção da presbiopia pseudofácica, além disso, aumenta-se o risco de descompensação ou de piora das alterações da superfície ocular, como o olho seco evaporativo, comum em pacientes acima de 50 anos.
LIOS SUPLEMENTARES
As lentes suplementares desenhadas especificamente para implante secundário no sulco ciliar em pacientes pseudofácicos foram descritas por Amon 2010 (LIOs Sulcoflex 653L, Rayner intraocular lens). A Sulcoflex é uma LIO de acrílico hidrofílico, de zona óptica asférica, côncavo-convexa, 6,5 mm diâmetro, bordas arredondadas e 14,0 mm entre alças. Primariamente fabricada para correção de ametropias esféricas, evoluíram para LIOs trifocais e tóricas. As Sulcoflex tóricas foram descontinuadas em função da instabilidade rotacional que comprometia a eficiência na correção do astigmatismo. Há relatos de que as LIOs Sulcoflex também são eficientes para amenizar quadro clínico de disfotopsia negativa pós-operatória.
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Autores
MÁRIO CARVALHO
Diretor do ISO Olhos, Uberlândia, MG.
LUIZ OTAVIO GUARNIERI
Diretor da Clínica Oftalmológica Guarnieri. Diretor do Cemic-Centro de Microcirurgia.
